terça-feira, 27 de março de 2012

O Último Jogo!!!

O Último Jogo!!!
[A morte é só o início...]
P.Graves

Tom sempre fora um vencedor, desde garoto, conseguia se sair bem em qualquer jogo que entrasse, e mesmo que às vezes não levasse o prêmio, sempre conseguia tirar algo melhor de seus oponentes.
Tinha “a mão” para o jogo, fez de quase tudo, ganhou de quase tudo, e se meteu em todo tipo de confusão por isso.
Viveu toda sua vida, fazendo o que sabia fazer, viveu usando seu dom, viveu cada instante, como se fosse o jogador do maior jogo de todos os tempos, e na verdade era, pois jogou até o presente momento, e nos seus 75 anos de idade estava, prestes a jogar o último deles.
As folhas amarelas já enchiam o chão da praça, o inverno estava chegando. O vento frio da manhã enchia seus pulmões, e lhe trazia uma velha sensação. Estava sentado num banco de pedra, e a sua frente uma caixa, um presente de um velho amigo que já havia deixado de viver.
Sempre que a olhava, se lembrava da insistente frase que ele lhe dizia sempre que ganhava dele no xadrez:

“Velho amigo, o importante não é ganhar,
e sim tirar sarro da cara do perdedor...”.

Tom abriu a caixa, e arrumou as pedras sobre o desenho do tabuleiro na mesa de granito. Perdeu alguns minutos, olhando para elas, se lembrando de velhas historias que viveu, de muitas confusões, e de muita alegria.
Quando ela chegou.
O vento soprou mais frio, as árvores se agitaram um pouco, e tudo ao seu redor ficou mais silencioso. Levantou-se e a encarou, ao contrário do que sempre pensou, ela era majestosamente linda.
Enfim chegou, disse Tom.
À figura apenas assentiu com a cabeça.
E se eu me recusar a ir?
Tom viu a figura tirar de trás de si como se fosse mágica, um longo objeto, um longo varão de madeira, com uma extremidade na parte do centro, e no seu alto, uma lamina, de formato curvado, que lembrava uma cimitarra extremamente afiada, e ao fim, ouviu o vento passando no fio da lamina, e sendo dividido em seu trajeto, fazendo um barulho similar ao vento quando canta na copa das árvores.
Antes de ir, tenho um pedido a fazer.
O silêncio separava Tom da mitológica figura, que resolveu se pronunciar:
Não atendo pedidos, apenas faço o serviço.
Então hoje, você vai quebrar a regra, disse Tom determinado.
Assustadoramente imóvel à figura permaneceu, até compreender o significado da atitude de Tom.
Sentaram-se... e o jogo começou. O último jogo da vida de Tom.
As horas passaram devagar, os minutos pareciam horas, as horas dias, e os dias toda uma eternidade.
Xeque-mate...

"Velho amigo, o que importa não é vencer,
e sim tirar sarro da cara do perdedor..."

Tom sorriu ao se lembrar disso.
É hora de ir Tom.
Tom assentiu com a cabeça, levantou-se e com um sorriso no rosto acompanhou a incógnita figura.
Dizem que a vida é um jogo, a passamos toda lutando contra a morte, e no fim sempre perdemos.
Mas eu não acredito nisso, disse Tom sorrindo.
À figura se pronunciou mais uma vez:
E porque dizes isso com tanta certeza, humano?
Porque hoje eu fiz o que nenhum humano jamais havia feito.
Aí o tempo parou, o vento não soprava mais,
as folhas não caiam mais,a praça, as mesas e todo o resto não existiam mais,
 apenas a última frase de Tom em vida,
ecoaria por toda a eternidade.
Eu venci a Morte!!!
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"Noites Silenciosas para um Aprendiz de Escritor..."

Conto do Escritor - P.Graves... postado no seu Blog...
- " O Último Dia Na Terra"...

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