terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poema a um Rouxinol...{Homenagem a Jonh Keats}

Poema a um Rouxinol...{Homenagem a Jonh Keats}


Meu coração dói... e um torpor apático aflige meu juízo...
Como se cicuta eu houvesse bebido... ou algum estúpido ópio houvesse inalado...
Após o minuto passado... que já naufragou no esquecimento...
Não invejo tua vida feliz... pois me sinto feliz em tua felicidade...
Ninfas aladas e luminosas... pairam sobre as arvores...
Numa melodiosa planície... de sombras e áreas verdes infinitas...
Sobre o verão... entoavam os cantos despreocupadas...

Oh!... Por um gole de vinho... refrescado há muito tempo nas profundezas da terra...
Com o sabor da flora... e do verde da serra...
Dança de uma canção provençal... e jubilo bronzeado...
Oh!... Uma taça repleta do calor do sol... transbordante do verdadeiro rubor do Hipocrene...
Borbulhando de espumas até a borda... e tingindo de púrpura os lábios que a tocam...
Aquela taça eu sorveria... e o mundo se tornaria invisível...
E contigo... eu desapareceria numa remota floresta...

Sumir para bem distante... até esquecer completamente...
Contigo no meio da folhagem... o cansaço... a angústia e a aflição...
Aqui... onde os homens sentam e escutam... uns dos outros os gemidos...
Onde a agitação e a tristeza... sossegam um pouco...
Onde a juventude cresce firme... e os fantasmas morrem...
Onde pensar... é estar a salvo do sofrimento... e o plúmbeo olhar desaparece...
Onde a beleza... não pode ocultar o teu olhar brilhante...
Nem um novo amor... ansiar por algo além do amanhã...

Longe... muito longe... eu voarei contigo...
Nunca na carroça de Baco... puxada por seus leopardos... mas... nas asas invisíveis da Poesia...
Contudo... o pensamento se assusta e se atrasa... mas já estou contigo...
Suave é à noite... e por acaso a Rainha Lua encontra-se no seu trono... cercada por sua corte de estrelas...
Mas... aqui não há luz... exceto a que vem do céu com o sopro da brisa...
Através da umbrosa verdura... e de caminhos serpenteantes e revoltosos....

Não posso ver as flores aos meus pés... nem sentir o oloroso incenso que paira sobre a ramagem...
Mas... inebriado na penumbra... acho tudo doce...
Graças à oportuna primavera... contemplo a relva... o bosque e as arvores frutíferas...
Claros espinhos... e madressilvas silvestres...
Fugazes violetas deitam-se sobre as folhas... e destacam seu mais antigo broto...
Surge uma rosa amarela cheia de orvalho... a sussurrar sua habitual canção do entardecer...

Secretamente escuto... e por muito tempo fico quase fascinado pela leveza da morte...
Chamei-a por palavras ternas em várias rimas... para se mesclar ao ar da minha calma respiração...
Agora... mais do que nunca... parece doce morrer...
Para tudo acabar à meia noite... sem nenhuma dor...
Enquanto tua arte fluir... a tua alma te abandona... num êxtase absoluto...
E ainda assim tu cantarias... e eu escutaria em vão... a fim de que teu réquiem se tornasse um adeus...

Tu não nasceste para morrer... Pássaro Imortal...
Nem mesmo a fome dos homens ousou... te abater...
A voz que a noite passada eu escutei... também foi ouvida pelos palhaços e imperadores de outrora...
Talvez a tua própria canção... haja encontrado um caminho...
Através do triste coração de Ruth... quando doente em sua casa... ela chorou lágrimas nutritivas que te alimentaram...
As mesmas que tiveste... muitas vezes... nos mágicos beirais...
Nas espumas das vagas de perigosos mares... ou na terra encantada do desespero...

Desespero!!!...
Essa palavra é como um sino... cujo dobre traz-me de volta ao passado...
Adeus!!!... A ilusão não pode enganar para sempre...
Adeus!... Adeus!... Teu lamentoso canto silencia...
Ainda há pouco se ouvia perto das campinas... sobre o regato... nas encostas da montanha...
Mas... agora está sepultado profundamente... numa clareira de um vale próximo...
Teria sido uma alucinação... ou um sonho velado?...
Acabou aquela música!...
Estou desperto... ou durmo?...

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Poema do Poeta Jonh Keats - nascido em 1795/Londres e falecido em 1821/Roma... aos 25 anos de idade... Este poema está no encerramento do filme... "Brilho de uma Paixão"... (Brigth Star ) - que apresenta de forma brilhante a história do grande amor entre o poeta inglês - John Keats e Fanny Brawne - uma jovem estilista de idéias e postura feminina bem à frente para a sua época...
Os dois se envolvem em uma grande paixão marcada pelas ausências e pela tragédia... pontuada pela intensidade dos sentimentos entre os dois... Os principais pontos do filme são o amor etéreo... e a poesia romântica...
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Fotomontagem - Tina2010 - Imagens by Google...

http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdeamor/2577201

Um comentário:

suzanchuva disse...

Bem esse poema é maravilhoso faz viajar entre o agora e o dps,lindo e belo como a gota de orvalho q cai ao amanhecer,e existe pessoas imbecis q não entendem o amor e a poesia
saudosojohn..